7 de junho de 2010

Visitando os moradores de rua

Confesso que quando eu pensava neste projeto, e sobre o que eu iria fazer lá, achei que poderia ajudar, sabia que iria aprender também, mas... achei que seria um troca...eu estava completamente errada.

Eu sempre achei que as coisas simples da vida eram o que a fazia especial. Os detalhes, aquilo que chamamos de coisas pequenas, para mim era o que fazia a vida ser boa de verdade.

Ter amigos verdadeiros, ter uma família, sair e ter para onde voltar, ter alguém te esperando chegar, ter uma cama, uma coberta e achar gostoso ouvir o barulho da chuva batendo na janela enquanto você dorme. Coisas que de tão comuns no nosso dia a dia se tornam normais. Sempre as considerei importantes e sempre agradeci por elas, mas visitando estas pessoas eu percebi que os detalhes da minha vida são gigantes na vida deles, percebi quantas coisas ainda eu tinha para agradecer.

Eles não estavam ali esperando um amigo sincero, não esperavam que alguém aparecesse e os levasse embora, lhes desse uma casa, uma cama quentinha, claro que não se pode dizer que eles não precisam disso, mas estou querendo dizer que não é porque não temos isto para oferecer que simplesmente não podemos fazer nada por eles.
Encontrei na rua, pessoas que precisavam simplesmente ser vistas, lembradas, precisavam que alguém as olhassem e vissem uma pessoa, uma história. Alguém que sentisse vontade de falar com eles, que não tivesse medo ou receio de lhes dar um abraço e passar alguns minutos ouvindo o que eles tinham pra falar. Eles não precisavam de alguém que tivesse dó, que sentisse pena, mas de alguém que lhes desse atenção, e conversasse de igual pra igual.

Percebi que muitos viam o carro e quando percebiam que estavam distribuindo roupas e comida se aproximavam para buscar, mas para a maioria, receber uma troca de roupa e um prato de comida era conseqüência do encontro com alguém que lembrou que eles existiam.

Não posso aqui contar uma história isolada, uma experiência particular com alguma daquelas pessoas, foi uma noite impressionante e indescritível.

Eu pude perceber que os detalhes são muito maiores do que eu imaginava, é poder ter um banheiro, tomar um banho, é poder escolher que roupa usar, ou o que comer, ter um copo de água para matar a sede, poder usar um absorvente, um desodorante, detalhe é até mesmo poder entrar em um lugar e precisar chamar um vendedor pra te atender ao invés de ter todos os olhos voltados para você e o anseio de que você saia logo e não seja preciso te colocar pra fora, detalhe é poder lembrar e saber que Deus cuida de mim e que não preciso beber, fumar ou usar qualquer outro tipo de coisa para tentar me sentir bem.
Confesso a vocês que depois da primeira praça que visitamos eu saí achando que tudo o que fizemos tinha sido pouco, as pessoas estavam ali, embriagadas e eu não achava que falar de Deus para elas pudesse mudar alguma coisa. O que eu diria? Parecia besteira dizer que Deus queria mudar a vida delas, ou coisa parecida, passar alguns minutos ali, virar e voltar pra o conforto da minha casa, enquanto eles dormiriam no chão e no frio, se é que dormiriam.
Entrei no carro e percebi que eu não era a única que pensava daquela forma, e foi ai que ouvi a frase mais sábia da noite,
“se você acha que não pode ou não consegue falar de Deus para eles, fale deles para Deus”.
Então, se você acha que não pode ou não consegue fazer nada por estas pessoas, fale deles para Deus.

2 comentários:

  1. é LINDO ver Deus nos usando e FALANDO conosco além de quatro paredes!
    Este é so o começo!

    Belo trabalho! E que Deus continue abençoando cada vida que tem ajudado de alguma forma!

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  2. Deus tem levantado pessoas , para realmente fazer o IDE, obrigada a vcs familia Paulicéia pela ajuda, apoio .... que possam realmete continuar obedecendo os mandamento de cristo...Amar ao proximo como a ti mesmo, ame amar o proximo...porque a espera nunca é longa quando existe AMOR...

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